Lembra-se de Abel? Ele decidiu oferecer ao Senhor um culto simples de primícias, mas sabemos que isto agradou demais a Deus. O seu irmão fez a mesma coisa, mas sua oferta não foi apreciada. Qual a razão? Teria Deus discriminado pessoas? Ou acaso teria levado em conta o valor material de cada oferta? E a coisa foi tão séria, que ao perceber que sua oferta não foi aceita, Caim decidiu matar o irmão.

Em que, pois, Abel agradou a Deus? É importante ter esta resposta, para que a gente também possa no mínimo fazer a mesma coisa. Seria Abel "mais chegado" ? Ou será que ele conhecia o "gosto" do Senhor? Quem foi que disse a Abel que se ele fizesse um holocausto, Deus se agradaria?

Não há registro, até então, que a oferta de holocausto se baseava em alguma instituição divina. Onde estaria escrito isto, ou quem teria lhe dito que ao matar o melhor dos primogênitos de suas ovelhas, causaria satisfação ao Senhor? Não consta que nesta época havia algum tipo específico de culto, com rituais definidos, ou alguma forma organizada de religião.

Posso concluir, portanto, que a oferta de Abel foi algo voluntário, de sua própria iniciativa - uma ação espontânea de gratidão. Como nós às vezes queremos agradar ao Senhor, e pensamos em como fazê-lo, Abel experimentou o mesmo sentimento, e alcançou sua meta!
Quando observamos o verso 7 do capítulo 4 de Gênesis, ouvimos Deus falar: "...se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? E se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele, tu deves dominar." Quer dizer - Deus atrela a oferta ao proceder!

É justamente por isto, meu irmão, que Jesus o convida a reconciliar-se primeiro com alguém com quem tenha algum litígio, antes de apresentar a sua oferta! É incompatível apresentar ao Senhor oferta, se há pendências ainda não resolvidas! Eu somente posso apresentar-me ao Deus de amor, e oferecer-Lhe algo, se meu coração estiver completamente limpo, como Abel!

Neste capítulo, no verso 4, vemos Abel trazer "dos primogênitos de suas ovelhas, e da sua gordura". Não pegou algum animal doente, nem aquele sem utilidade, e muito menos algum que ele não gostava. Ao levar um presente ao Senhor, Abel destaca o melhor entre os melhores!

Significa dizer que, se queremos realmente agradar a Deus, se queremos realmente dar-Lhe algo, terá então que ser o melhor! Vou dizer-lhe claramente: é ridículo apresentar-me no culto, e dizer ao Senhor que vou adorá-Lo, e na hora da oferta rebuscar centavos no bolso, quando posso oferecer um pouco mais! É impossível agradar-Lhe, se retenho o melhor comigo! Não posso esperar que Ele me abra Sua mão, se a minha permanece fechada.

DUAS MANEIRAS DE APRESENTAR-SE A DEUS

Ou me apresento a Deus de coração puro, com bom proceder, conduzindo o meu melhor, de forma espontânea e prazerosa, manifestando gratidão, ou então me apresento displicentemente, "por obrigação" ou "para marcar o ponto", levando migalhas e recebendo migalhas. Em outras palavras: - ou me apresento como Abel, ou me apresento como Caim!

Caim manifesta o tipo do crente que ao invés de olhar para o alto, fica observando de lado o irmão, a ponto de competir com ele. Observe quão séria é a questão: - Caim e Abel são irmãos, filhos dos mesmos pais, que vivem e são criados sob a mesma instrução e sob a mesma palavra, que realizam cultos ao Senhor, que dão oferta... Mas o convite de Caim a Abel para ir ao campo mostra que já premeditara o assassinato!
Falando mais enfaticamente: será que um coração assassino pode oferecer ofertas agradáveis ao Senhor? E falando para mim mesmo: - será que tenho me apresentado ao Senhor de forma adequada? Coração puro? Querendo mesmo agradar-Lhe?

ANDAR COM DEUS

Leia o capítulo 5 do livro de Gênesis, e observe a lista de vários patriarcas. Começa com Adão, e vai passando por Sete, Enos, Quenã, Maalalel, Jarede, e chega ao sétimo deles que é Enoque. Sem dúvida alguma, todos os patriarcas citados foram homens fantásticos, e supomos que procederam virtuosamente, mas este tal de Enoque excedeu a todos!

GÊNESIS [5]

18 Jarede viveu cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque.
19 Viveu Jarede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.
20 Todos os dias de Jarede foram novecentos e sessenta e dois anos; e morreu.
21 Enoque viveu sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém.
22 Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas.
23 Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos;
24 Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou.

A Bíblia Sagrada afirma que ele alcançara testemunho de que agradara a Deus! E é tão pequena a sua biografia! Como um homem de biografia tão pequena pode agradar a Deus? O que foi que ele descobriu, para relacionar-se tão intimamente com Deus? Nós precisamos saber, para imitá-lo! Note a sutileza da narrativa bíblica: - a Palavra não diz que Enoque vivia com Deus, mas que ... caminhava com Ele!

Ei, meu irmão! Acerte o passo com Enoque, para andar com Deus! Andar com Deus é tê-lO diante de nós, em nossa frente. É ter uma vida de comunhão, é conhecer os Seus desejos, e não andar na frente d'Ele! Em uma biografia tão curta, 2 vezes o texto bíblico afirma que Enoque andava com Deus.

Podemos ser tentados a imaginar que ele não viveu em uma época tão difícil como a que vivemos, ou mesmo que era mais fácil ter comunhão com Deus naquele tempo. Podemos supor até mesmo que todos aqueles patriarcas sentaram-se algum dia na mesma mesa, e é bem possível isto, se considerarmos as respectivas idades relatadas na Bíblia Sagrada.
Mas de uma coisa não podemos ignorar: - Enoque viveu na realidade em uma época contaminada, onde a corrupção alcançou níveis insuportáveis, em tempos apóstatas, justamente na era pré-diluviana, e mesmo assim, ele andava com Deus!

Duas pessoas em toda a Bíblia Sagrada são mencionadas que andaram com Deus: Enoque e Noé, que por sinal eram parentes tão próximos. O primeiro, de um momento para outro deixou de ser visto pelos homens. Procuraram-no, mas "Deus para Si o tomou!" O segundo foi o único em toda a terra, achado digno de ser preservado da morte, e salvar a raça humana da destruição total.

Você reparou que somente depois que Enoque gerou um filho, aos 65 anos, é que a Bíblia registra que ele andou com Deus? Isto sugere que, após ter sido pai, despertou nele um sentimento do que Deus representa como Pai! Meus irmãos, Enoque tinha uma família, tal qual eu e você, e conseqüentemente, muitas responsabilidades e preocupações. Mas não obstante isso... "andava com Deus". Muita gente andou antes de Deus (como se isso fora possível!). Quer dizer, muita gente andou fora do passo com Deus.

Sabemos que Satanás foi retirado do céu, e levou consigo a terça parte dos anjos. A terça parte dos anjos! Anjos caíram do céu na terra pela transgressão, mas um homem - um homem! - foi elevado ao céu por agradar a Deus!
Poderia alguém duvidar que Enoque não poderia ser trasladado, que Deus não faria isso com um homem mortal. Mas vamos lembrar que em outras ocasiões coisas semelhantes ocorreram - Filipe se encontrava com o eunuco, batizando-o no deserto, e segundos depois, achou-se em Azoto, um lugar distante. Fora transladado! O próprio Jesus foi transladado, aparecendo em lugares fechados, e atravessando paredes! Ele mesmo disse: - "vede que um espírito não tem carne e ossos, como Eu tenho!"

Já pensaram, meus queridos, no quanto Deus pode amar uma pessoa, a ponto de tomá-la para Si? Releia o verso 24 do capítulo 5 de Gênesis, e sinta toda a sua sublimidade: "Enoque andou com Deus, e não se viu mais, porquanto Deus para Si o tomou"! Eu insisto em perguntar-lhe, o que foi de fato que Enoque percebeu, e que nós ainda não percebemos, que fez com que Deus se agradasse tanto dele? Quem responder a isto eu penso que terá encontrado um tesouro de grande valor.

JUDAS [1]
14 Para estes também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor com os seus milhares de santos,
15 para executar juízo sobre todos e convencer a todos os ímpios de todas as obras de impiedade, que impiamente cometeram, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram.
16 Estes são murmuradores, queixosos, andando segundo as suas concupiscências; e a sua boca diz coisas muito arrogantes, adulando pessoas por causa do interesse.

Afinal, o segredo No mundo atual, as pessoas são carentes de afeto e de amor. Encontrar alguém em quem se possa confiar tornou-se algo quase impossível, e quando se encontra, trata-se de um achado de grande valor.Qual a grande necessidade humana? Se posso resumir, em resposta curta, diria: - gente que ama, e gente em quem se possa confiar. Gente de uma só palavra, que não precisa repetir duas vezes para acreditar que vai cumprir àquilo que se obrigou.

Pois bem: Deus fizera uma proposta a Abraão, e uma promessa solene. Não precisaria fazer mais nada, simplesmente porque Ele é Deus, e como sempre, verdadeiro. Contudo, para tranqüilizar o patriarca, e para mostrar que Ele é de fato um Deus de compromisso, valeu-se de um costume humano da época para garantir que Sua palavra seria cumprida.

Sabe-se que naquele tempo, quando duas pessoas formalizavam um contrato, matavam-se animais, e dividiam-os em partes, e os contratantes passavam por entre as partes, significando dizer que, a pessoa que não cumprisse o combinado se tornasse como um daqueles animais esquartejados.

Foi então que Abraão teve uma das mais marcantes experiências de sua vida, quando ouviu de Deus que matasse os animais, que dividisse suas partes, e que os dispusesse naquela forma costumeira. E mais assombrado ainda ficou Abraão, quando ao anoitecer, aquele fogo de fumo, aquela fumaça, desceu e " caminhou " entre as partes dos animais. Sim, meu irmão, Deus passou entre as partes, como quem diz: - que eu me torne como elas, se descumprir o acordo que estou firmando com você agora!

Meu irmão: Deus é Deus de confiança! Ele é confiável! Ele não muda! Ele é o mesmo ontem, hoje, e eternamente! Aleluia! Enoque percebeu que podia confiar em Deus, e valia a pena relacionar-se com Ele! Valia a pena estar junto d'Ele, andar com Ele, e estreitar o vínculo com Ele! Não se tratava de um Deus que fazia acepção de pessoas, ou que privilegiava uma pessoa em detrimento de outra. Não era um deus de ocasião, ou um modismo qualquer. Era um Deus de autoridade, e de compromisso!

Lá no Velho Testamento, a informação que se tinha de Deus muitas vezes era aquela imagem de destruidor, de grande força, de grandes sons de trombeta, que abalava fortalezas e que o monte fumegava. Todos os povos conheciam o Deus de Israel como um Deus tremendo, que avançava furiosamente contra as nações. Foi quando um profeta chamado Jonas pôde perceber que na verdade, tratava-se de um Deus perdoador, que ama as pessoas e luta por elas. Foi assombroso para Jonas constatar que se relacionava com um Deus que amava os ninivitas, e que perdoava os pecados de seus inimigos.

Quando Moisés pediu ao Senhor que visse a Sua glória, o que ele pôde sentir está retratado no capítulo 34 de Deuteronômio - ele viu passar diante de si toda a bondade de Deus, e não encontrou outra palavra para revelar a verdadeira natureza d'Ele: a natureza de um Deus perdoador e misericordioso, que faz misericórdia a gerações...

Quando vemos Jesus, que é o próprio Deus eterno vindo em carne, doar-se na cruz pela humanidade pecadora, fazendo ali a redenção de todo homem que puder crer... fazendo da cruz o ponto de encontro entre a humanidade perdida e o grande Deus perdoador... então podemos compreender porque aquela mulher derramou n'Ele um vaso inteiro de nardo puro que perfumou o ar! Podemos compreender porque ela deixou-se desperdiçar, deixou-se gastar, e manifestou tanto prazer em permanecer junto aos Seus pés! Agora sim, podemos compreender o que Enoque viu em Deus, para não desejar outra coisa que não fosse caminhar com Ele!